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Sob escuta: Final Fantasy



HE POOS CLOUDS, o aclamado segundo álbum de FINAL FANTASY, nasceu rotulado pelos media como mais um registo saído do universo dos Arcade Fire. Entendemos o piscar de olhos, ou não estivessem as luzes da pop definitivamente viradas para o Canadá. Mas desenganem-se aqueles que aqui procuram um prolongamento do divinal Funeral.

Explicamos: FINAL FANTASY é um projecto de um só homem, o canadiano e talentoso músico Owen Pallet. E foram estas suas qualidades que o levaram a participar nos processos de criação das músicas dos Arcade Fire, nomeadamente ao nível dos arranjos e enquanto executante, em várias datas de concertos inseridos na tour do colectivo canadiano.

Mas a afinidade termina aí, pois o sublime HE POOS CLOUDS não tem qualquer semelhança com a música dos Arcade Fire; estará, porventura, mais próximo de um Andrew Bird, diríamos.
Owen dedica-se á construção de pontes entre o universo da música clássica e a linguagem pop. À partida, seria uma decisão arriscada e um projecto arrojado, até porque na junção destes dois mundos é mais frequente dar-se ao torto, do que daí resultar um qualquer objecto aprazível. No entanto, a mistura operada pelo projecto FINAL FANTASY revela-se perfeita.
A acompanhar a panóplia de instrumentos utilizados, que veiculam a dita linguagem clássica numa vertente mais barroca, está uma voz que nos faz lembrar um Nick Drake de outros tempos. E é pelo piano e metais, por vezes pelo acórdeão e instrumentos de percussão, mas sobretudo pelo recurso ao violino, que a fantasia final se revela: um conjunto de 10 canções compostas de arranjos clássicos absolutamente magistrais.
Ainda que sobreviva de forma um tanto ou quanto eclética, tendo em consideração os terrenos que pisa e os instrumentos de que faz uso, HE POOS CLOUDS não deixa de ser um álbum intimista, sarapintado por uma escrita que gira, quase de forma obsessiva, em volta da percepção e tentativa de explicação de fenómenos estranhos (no "press release" do album fala-se mesmo no universo Dungeons & Dragons como musa inspiradora...). Não obstante, não é um album negro, longe disso. Aqui respira-se sobretudo magia.

A Fantasia vai passar a 14 de Outubro em Leiria, no Teatro Miguel Franco, e a 15 em Lisboa, no Club Lua. A não perder.

Para abrir o apetite, é só dar um saltinho até aqui.
FINAL FANTASY, He poos clouds, 2006