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Em Directo: Old Jerusalem, Passos Manuel, 30.09.2006


Casa cheia no Passos Manuel para assistir a mais um momento brilhante de Francisco Silva, sob o nome do seu projecto Old Jerusalem. E começam mesmo a faltar adjectivos para definir as prestações do talentoso musico... grande, muito grande!

Desta feita, e talvez porque a sala impunha uma maior presença em palco, Francisco fez-se acompanhar a espaços por dois músicos (bateria e baixo/2ª voz). Não é experiência nova e resulta bem, ainda que em prejuízo do lado mais intimista veiculado pelas paisagens sonoras de Old Jerusalem.

A ideia que presidia à celebração era promover o recente álbum partilhado, Splitted, mas a actuação acabou por se repartir entre o seminal Twice The Humbling Sun e o novo álbum, com saída prometida para inícios de 2007.
Francisco Silva não é um homem complicado; ele próprio o reconhece, na apresentação de uma música que figurará (?) em próximos registos: "É isto que chamo de Cançoneta. Pequenina, não chateia...". Não, nada. As melodias vão saindo com naturalidade e espalham-se pela sala. Sem dificuldade, vamo-nos abraçando a elas.
E é definitivamente ao vivo que melhor se apreciam os pormenores: o diálogo estabelecido entre a voz e a guitarra é absolutamente delicioso, em especial quando esta quase se deixa de ouvir, para aquela melhor se projectar. E isso sucede, propositadamente, várias vezes ao longo do concerto - há uma habilidade inata no músico para perceber os ritmos de cada canção, que se torna evidente na forma como vai alterando a emoção que descarrega na guitarra, umas vezes com maior suavidade, outras vezes de forma mais brusca. Mas sempre perto da perfeição.

E assim o concerto funcionou como uma espécie de calmante, obrigando-nos sistematicamente a fechar os olhos e a servirmo-nos dos sons para, tranquilamente, pintarmos a época outonal que agora principia, ideal para a desenvoltura da folk propagada por Old Jerusalem.
Destacava, talvez, dois instantes: The Cry of a New Birth, pela nova e soberba roupagem e Chubby Mounds, pela excelência da prestação, que granjeou grandes aplausos da assistência.

É verdade que a sala também ajudou: para quem ainda lá não pôs os pés, fique a saber que o Passos é um antigo cinema, e que, ainda funcionando de quando em vez como tal, tem preenchido de sons (muitos e bons) a noite do Porto. E que se diga alto: esta sala tem excelentes condições sonoras e de conforto!

Por fim, dois motivos de aplausos: o concerto começou à hora marcada – o que é de registar, tendo em consideração a desconsideração que nos é votada pela maior parte dos locais onde estes eventos ocorrem; e o preço acessível do bilhete (5 €). Se for sempre assim, queremos mais, se faz favor.

Ficamos então a aguardar pelo novo álbum, com a certeza que, se o percurso continua, está já na hora da Bor Land e de Old Jerusalem apostarem noutras paragens. É que aqui há talento, meus senhores!

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