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Peças de Roupa : : Olavo Lupia

E para inaugurar, nada melhor que ouvir os ensinamentos do Exmo. Sr. Professor e Doutor Olavo Lupia, catedrático nestas andanças e com quem muito aprendi e aprendo no delicioso mundo dos sons. Melómano a tempo inteiro e músico quando a azáfama do dia-a-dia o permite, Olavo aceitou o desafio: aqui ficam as peças com que o mesmo se foi vestindo nestes 29 anos que por cá tem andado.
Aproveito a oportunidade para convidar os mais desatentos a visitarem o tasco do Sr. Professor, que vale bem a pena: androideparanoide.blogspot.com.
Por aqui, a regra é simples: pede-se apenas, para cada três peças de roupa, três pequenas divagações. Eis a fatiota de Olavo, em discurso directo:
1 - O.K. Computer (1997), Radiohead
Como muitos da minha idade, eu ouvi o rock alternativo que tinha saído de Seattle do princípio dos anos 90. Por esta altura, a minha banda preferida era Soundgarden e pensava que não se conseguia ser muito melhor que aquilo - o que, em termos de rock, continuo a achar. Radiohead eram, para mim, os baladeiros do Creep, High & Dry ou Fake Plastic Trees. Até que, após insistência de um amigo, ouvi o OK Computer. Jesus! Fiquei com um sorriso na cara que me demorou dias a tirar. A música que despoletou todo esse processo e que me chamou a atenção foi a segunda, Paranoid Android. O disco é, para mim, perfeito. O equilíbrio e a coerência entre as músicas é brilhante. Porque é que me marcou tanto? Libertou-me as amarras e tirou as palas que eu tinha: nem tudo o que era feito em volta de guitarras podia ser sublime. Musicalmente, acho que é mesmo o grande "turning point" da minha vida.
2- Grace (1994), Jeff Buckley
A verdadeira banda sonora da "dor de corno". A voz do Buckley é uma coisa que transtorna qualquer pessoa que seja dotada do sentido da audição. Mojo Pin vem das vísceras e a entrada da voz põe-nos em sentido! Grace é um hino perfeito ao amor e à mortalidade, que o próprio veio a sentir na pele. Last Goodbye é uma música impressionante: as melodias parecem demasiado perfeitas e naturais para serem verdade. Belíssima a versão de Lilac Wine , já imortalizada pela voz de uma das suas grandes referências, Nina Simone. A composição de So Real (para mim, que até tenho umas noções elementares de guitarra e de composição) deixou-me (e deixa ainda) com 10cm e a falar muito fininho. Hallelujah é a definitiva e sedutora versão da música escrita por L. Cohen. Lover, You Should've Come Over é uma das mais belas canções de amor já escritas por qualquer humano (partindo do pressuposto de que o JB o era...). Corpus Christi Carol é mais um tour de force da fabulosa voz de Buckley. A nota mais rock e mais social vem com Eternal Life. Dream Brother fecha o disco com chave de ouro - e a sua versão live é fenomenal.
3 - Mule Variations (1998), Tom Waits
Não é o meu disco preferido de Tom Waits, mas foi esta a minha porta de entrada para o Tom Waits. E Tom Waits é, se não o meu preferido, um dos meus preferidos. A escrita de canções, os vários "mundos" em que Waits vive e aquela voz... aquela voz... Se Buckley ou Thom Yorke corresponderiam a vozes de anjos, Waits correspondem à voz "de lá de baixo"! E este disco é um bom exemplo de que uma voz tão "marcada" como a de Waits pode ser multi-facetada. Em quase todas as músicas, ele usa o seu instrumento vocal de forma diferente. Um verdadeiro génio.

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Muito fixe. A descrição do Grace está muito bem feita. Eu, por mim, assino por baixo.
E a iniciativa das "Peças de Roupa" é louvável. Parabéns pela ideia!

E vamos lá ver como é que a Navel se dá por estes lados...

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  • sombra
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