Há muito que a indústria britânica nos vem habituando a estes descobrimentos de novas maravilhas musicais. Não quer isto dizer que tais fenómenos sejam necessariamente maus; na área do pop/rock até tem existido algum equilíbrio, apesar do carácter cíclico e do empenho, cada vez mais plástico, com que os media os vão alimentando.
Fazendo uma breve resenha dos últimos 3/4 anos, deram-nos em períodos mais ou menos intervalados, os Franz Ferdinand, os Kaiser Chiefs ou os Kasabian. E o processo seguido tem sido invariavelmente o mesmo, sinal de que a fórmula implica sucesso: previamente à edição de estreia, vários textos aparecem estrategicamente escritos e publicados, dão-se uns bitatites nas rádios, fazem-se capas de revistas e o boca-a-boca resolve o resto. O caso dos Kaiser até teve momentos hilariantes, com descrições prévias de
Employment a rebentarem por todo o lado e a completo despropósito, nomeadamente em publicações não dedicadas à música, descrevendo-o como a última maravilha do rock moderno.
Tenho quase a certeza que o mesmo se está a passar com os Klaxons. E até apostaria que, terminado o hype, os jovens londrinos se vão espalhar por completo. É um “feeling”…
Porém, e como já deixei aqui expresso, a nova “next big thing” entusiasma. Mesmo. Passo a explicar: A verborreia musical não tem limites, como é já do conhecimento público. Vai daí, e apanhando a onda de revivalismos musicais que muito têm entupido as colunas dos aparelhos de som, a “bíblia” NME espetou aos Klaxons o epíteto de “
New Rave”. Outros foram mais arrojados e após apurada meditação, desencantaram um catita “
acid-rave sci-fi punk-funk”.
À parte a genialidade da nomenclatura, convenhamos que a primeira imagem disparada pelos Klaxons é, precisamente, a de uns novos EMF ou de uns Jesus Jones. É impossível fugir às cores berrantes, quer dos vídeos, quer da figura, quer mesmo da música electrónica e dançável, construída sobretudo em cima de malhas sintéticas de teclados.
Mas é verdade que também pisam terrenos semeados por uns Primal Scream, o que só pode ser um bom indicador. E até agora tem dado resultado: cada single editado é, de facto, um convite irrecusável à dança. Já não àquele desesperante rock ritmado, roubado aos inícios de 80 e cravado de plágios a Joy Division e quejandos; agora, puxa-se pela memória de outras paragens. Continua a cheirar a Factory, mas desta feita à verdadeira Madchester. E os tipos são mesmo viciantes.
O problema é que a fórmula tende a esgotar-se rapidamente e daí as minhas reticências quanto à longevidade do projecto. Para já, e sem gastar o stock de foguetes, vamos ver como correm as coisas com a edição do primeiro álbum,
MYTHS OF THE NEAR FUTURE, marcada para 29 de Janeiro.
Última nota: antes que a moda esmoreça, alguém podia lembrar-se de os trazer este ano a Portugal. A avaliar pelos inúmeros vídeos que circulam na net, os Klaxons em palco são qualquer coisa. From Atlantis… To interzone!!!