quinta-feira, setembro 28, 2006

Em digressão: Antony and the Jonhsons

Grande, grande notícia!

Como é do conhecimento público, o Theatro Circo em Braga vai reabrir brevemente, creio que dia 27 de Outubro, e apresenta já a programação da nova época.

Depois das obras e da brilhante aquisição de um novo director artístico ( ex Director da Casa das Artes de Famalicão) as melhorias já se fazem sentir: Antony vai voltar a Portugal, no dia 10 de Novembro, para um concerto na cidade dos Arcebispos.

E ainda faltam passar tantos, tantos dias...

Erosão





quarta-feira, setembro 27, 2006

World Trade Center

Para dizer a verdade, o filme nem aquece, nem esmorece. Mas vale a pena sublinhar um momento:a aparição de Cristo.
Importa explicar: um dos polícias que teve a infelicidade de ficar preso entre os restos das torres gémeas quando estas se desmoronaram, ferido e cheio de sede, acaba por adormecer, levado pelo cansaço produzido pela espera e pelo sofrimento. Há vários minutos que a acção decorre naquele buraco, cheio de entulho e de corpos aprisionados.
Mas mal o heroi adormece, eis que tudo muda! Num repente, o ecrã deixa de ser preenchido pela negritude que já nos consumia, nele tomando lugar uma luz fortissima.
E é então que se dá o descalabro cinematográfico: a luz vai lentamente adquirindo forma, até se transformar num individuo de cabelos compridos, envergando uma túnica branca que traz estampada, bem no centro, a figura, já mítica, do coração envolvido em espinhos.
E durante alguns intermináveis segundos, Oliver Stone filma a aparição de Cristo que - vejam o pormenor - transporta consigo uma garrafa de água de plástico para matar a sede do malogrado polícia!

Que me perdoem as pessoas que se encontravam na sala de cinema, mas não consegui disfarçar uma pequena gargalhada...

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terça-feira, setembro 26, 2006

Ocaso






Praia dos Ingleses, Porto, Setembro de 2006

segunda-feira, setembro 25, 2006

Sob escuta: Final Fantasy



HE POOS CLOUDS, o aclamado segundo álbum de FINAL FANTASY, nasceu rotulado pelos media como mais um registo saído do universo dos Arcade Fire. Entendemos o piscar de olhos, ou não estivessem as luzes da pop definitivamente viradas para o Canadá. Mas desenganem-se aqueles que aqui procuram um prolongamento do divinal Funeral.

Explicamos: FINAL FANTASY é um projecto de um só homem, o canadiano e talentoso músico Owen Pallet. E foram estas suas qualidades que o levaram a participar nos processos de criação das músicas dos Arcade Fire, nomeadamente ao nível dos arranjos e enquanto executante, em várias datas de concertos inseridos na tour do colectivo canadiano.

Mas a afinidade termina aí, pois o sublime HE POOS CLOUDS não tem qualquer semelhança com a música dos Arcade Fire; estará, porventura, mais próximo de um Andrew Bird, diríamos.
Owen dedica-se á construção de pontes entre o universo da música clássica e a linguagem pop. À partida, seria uma decisão arriscada e um projecto arrojado, até porque na junção destes dois mundos é mais frequente dar-se ao torto, do que daí resultar um qualquer objecto aprazível. No entanto, a mistura operada pelo projecto FINAL FANTASY revela-se perfeita.
A acompanhar a panóplia de instrumentos utilizados, que veiculam a dita linguagem clássica numa vertente mais barroca, está uma voz que nos faz lembrar um Nick Drake de outros tempos. E é pelo piano e metais, por vezes pelo acórdeão e instrumentos de percussão, mas sobretudo pelo recurso ao violino, que a fantasia final se revela: um conjunto de 10 canções compostas de arranjos clássicos absolutamente magistrais.
Ainda que sobreviva de forma um tanto ou quanto eclética, tendo em consideração os terrenos que pisa e os instrumentos de que faz uso, HE POOS CLOUDS não deixa de ser um álbum intimista, sarapintado por uma escrita que gira, quase de forma obsessiva, em volta da percepção e tentativa de explicação de fenómenos estranhos (no "press release" do album fala-se mesmo no universo Dungeons & Dragons como musa inspiradora...). Não obstante, não é um album negro, longe disso. Aqui respira-se sobretudo magia.

A Fantasia vai passar a 14 de Outubro em Leiria, no Teatro Miguel Franco, e a 15 em Lisboa, no Club Lua. A não perder.

Para abrir o apetite, é só dar um saltinho até aqui.
FINAL FANTASY, He poos clouds, 2006

sexta-feira, setembro 22, 2006

Ressaca

De Jack Kerouac vem a mais completa definição do "dia seguinte". Chega a ser quase cinematográfica. Ora vejam lá:
"(...) Aquela sensação de acordar com delirium tremens, com o medo de uma morte misteriosa a escorrer-nos das orelhas como aquelas teias especiais que as aranhas tecem nos países quentes, a sensação de ser-se um monstro de lama, um monstro corcunda a gemer debaixo da terra numa massa de lodo quente e fumegante puxando atrás de si um fardo longo e abrasador para parte nenhuma, a sensação de ter os pés enfiados até aos tornozelos em sangue de porco a ferver, puá, de estar mergulhado até à cintura numa panela gigantesca cheia de água de lavar a loiça gordurosa e castanha sem a mais pequena réstia de espuma de detergente."
Elucidativo!


Jack Kerouac, Big Sur (1962), tradução de Paulo Faria, Colecção Mil Folhas - Público

quinta-feira, setembro 21, 2006

Sob escuta: Nuno Prata


E finalmente se dá à luz o aguardado album de Nuno Prata, ex-baixista da infelizmente extinta banda portuense, Ornatos Violeta.
Prata juntou-se novamente ao seu companheiro de estrada, o francês Nicolas Tricot (com quem tem trabalhado nos últimos tempos, sob o nome Nuno.Nico) e, com intervenções convidadas de alguns elementos dos Ornatos, construíu um album sobretudo cheio de palavras.
Minimalista no conceito, "TODOS OS DIAS FOSSEM ESTES/ OUTROS" vive sobretudo do imenso talento do músico para a combinação entre sons e escrita. E é curioso que, apesar de ser o próprio a dar voz às musicas, - de forma surpreendentemente agradável, sublinhe-se - não perdeu o seu sentido ritmico, típico de quem andou vários anos a assumir linhas de baixo. E é isso que torna interessante este registo.
Falar do passado passou a ser um facto incontornável, sempre que um dos Ornatos reaparece. Foi assim com os Pluto e os Supernada. Desta feita, a ligação umbilical não foi ainda totalmente cortada: repare-se na semelhança do timbre e do ritmo da voz de Nuno Prata com a de Manuel Cruz.
Porventura, 2006 será o ano dos "songwriters" portugueses, uma vez que, à espera de data oportuna, estão na prateleira albuns a solo de Manuel Cruz e de J.P. Simões.

Para ir provando as novas andanças, basta saltar até aqui. E que saudades de ouvir a pronuncia portuense musicada!

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quarta-feira, setembro 20, 2006

Autor e sua obra

Em amena cavaqueira, um colega de longa data confidenciava-me não nutrir especial vontade em ler Saramago. Não que atribuísse a sua recusa aos famigerados feitios de escrita do nobel português ou a um qualquer rascunho crítico, menos abonatório dos seus livros, que lhe tivesse chegado às mãos.
A questão era bem mais simples: não suportava as suas opções políticas. Ponto.
E isso incomodava-o de tal forma que, por si só, constituia factor impeditivo ou inibidor suficiente.
Confesso que, à data, não me saiu resposta. A questão era pertinente e suponho que existam, hoje, inúmeros virgens de palavras de Gunter Grass que pensem o mesmo, depois das notícias que vieram a público sobre o passado do nobel alemão, no que concerne às suas ligações às temidas SS do III Reich.
Certo é que esta temática consome-me desde então. Acredito piamente que uma obra, seja ela composta de palavras, sons ou sarrabiscos, só se apreende, na sua plenitude, depois de percebermos o respectivo criador. Porque toda e qualquer obra é, necessariamente, uma extensão do "eu" do Autor. Ora, se não simpatizarmos com essa esfera pessoal, como apreciar a criação?
Concretizando o pensamento do meu caro amigo: se me dissessem que Tom Waits tem, como desporto favorito, espancar mulheres, participar em "manifes" pró-escravatura ou comer, diariamente, farinha de pau, será que eu teria vontade de continuar a saltar ao som de "Telephone Call From Istambul"?

sexta-feira, setembro 15, 2006

Em digressão: Old Jerusalem


Nem de propósito! Andava eu entretido a relembrar "Twice the Humbling Sun", quando me surpreendem com a noticia de um novo trabalho de OLD JERUSALEM.

A curiosidade é grande, até porque se trata de um objecto partilhado com BRUNO DUARTE (dos Munchen) e PUNY, e com carimbo, como não podia nem devia deixar de ser, da Bor Land.
Pouco sei ainda sobre estas novas aventuras, mas fica a promessa de comparecer à apresentação da novidade, dia 30 de Setembro, no Passos Manuel. Para uma pequena ideia do que aí poderá ser visto, basta clicar aqui.

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Marionetas


O Festival Internacional de Marionetas do Porto arrancou ontem e estará pela Invicta até ao próximo dia 24 de Setembro.

Bonecos com vida e vida de bonecos, porque é também de trapos e cordelinhos que se faz o dia a dia.

A espreitar no Rivoli.

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terça-feira, setembro 12, 2006

Volver



É de regressos que vive "Volver", a última perola de Almodovar. Não é um registo brilhante, mas mantêm o brilho a que nos habituou o cineasta espanhol. É um regresso à mulher, à firmeza da mulher, a todas as mulheres. O lado feminino impõe-se desde o ínicio: numa aldeia perdida nos interiores de Espanha, um plano do cemitério local, mantido vivo pelas viúvas que sobreviveram às vidas dos respectivos maridos.

Aqui sublinha-se, de forma carregada, essa diferença entre sexos: a figura masculina é sempre assumida como a personagem pecadora e selvagem, mas que, invariavelmente, cai primeiro; por seu turno, a mulher é quem sofre, na pele, os frutos da cega lascívia masculina, mas é também quem supera a tempestade.

Sobretudo, é um filme de mortes e de percusos de vida violentos. Nada de novo, portanto. Mas desta vez com um Almodovar mais tranquilo, talvez mais velho e, parece-me, mais previsível. Não perdeu, contudo, a habilidade de redescobrir grandes actrizes: o elenco é formidável, mas a vénia vai direitinha para Penélope. Com as luzes apontadas constantemente na sua direcção (especialmente, aos seus voluptuosos decotes...), não falha um único momento.
Bom regresso.

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sábado, setembro 09, 2006

Banda Sonora

Old Jerusalem, Twice the Humbling Sun (Bor Land, 2005)

Para apreciar devagar, devagarinho...

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quarta-feira, setembro 06, 2006

Primeiros contactos com a ideia de "estar a ficar velho"

Pousada da Juventude. Diálogo entre um fã, ainda que condicional, e um jovem enorme e largo, evidente frequentador de ginásios.

Fã: De visita à cidade, ou simplesmente de passagem?

Jovem largo: Nem uma coisa nem outra. Vim ao concerto!

Fã: Também? Coincidência, estamos sincronizados. Se for como em 96, vai ser de arromba!

Jovem largo: Pois, isso já não sei.

Fã:Então? Não estiveste lá?

Jovem largo:Não... seria dificil.

Fã: Então porquê?

Jovem largo: Bem... em 96 tinha 7 anos, andava na 2ª classe. Tirando o "atirei o pau ao gato", só conhecia as horripilantes versões de Tom Jones que o meu pai insistia em berrar durante o banho matinal de chuveiro.

Fim da conversa.

O Fã já não viu o concerto da mesma forma...

terça-feira, setembro 05, 2006

Pearl Jam

...para quem esteve e para quem não esteve, aqui fica a set list do primeiro dia.


(Não percebo porque carga de água insistem em fazer concertos no pavilhão atlântico! Meus amigos, o som e a acústica são péssimos, horríveis, inqualificáveis! Parece-me que o local deve ser muito bom para a prática desportiva. Não é para um concerto de música. Valeram as recordações e a soberba prestação da banda de Seattle. ..

Ah! E valeu a simpatia de Eddie Vedder e as suas inumeras deambulações pela nossa língua, não para dizer o habitual, mas para contar estórias. Palmas. Muitas.)

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segunda-feira, setembro 04, 2006

Banda Sonora


Porque hoje é tempo de rumar à capital e relembrar parte da adolescência.

"hold on to the thread
the currents will shift
guide me towards you
know something's left
and we're all allowed
to dream of the next time we touch...
...you don't have to stray
two oceans away
waves roll in my thoughts
hold tight the ring...
the sea will rise...
please stand by the shore...
I will be...
I will be...
...there once more..."
Pearl Jam, "Ten", 1991

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  • sombra
  • Porto, Portugal
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